UMA VIAGEM AO PARAÍSO
Hoje tudo tem ar de festa. A agitação, a alegria se espalha pelo ar, cada um fazendo sua parte, ajeitando as malas com cuidado para nada esquecer. Estamos todos numa euforia só vamos visitar a vovó.
Minha vózinha com seus cabelos branquinhos e seu sorriso lindo. Quanta saudade!
Estou emocionada só em pensar que logo, logo vou poder receber seu abraço, seus beijinhos e seus carinhos. Não sei se vou conseguir dormir esta noite estou muito ansiosa, pela manhã cedinho vamos rumo ao paraíso o Sítio da vovó Cotinha.
Como foi gostoso acordar cedinho, mesmo estando ainda com sono meu coração parece que vai explodir de tanta alegria. A estrada é longo muito chão para percorrer, me aconchego no banco deitando minha cabeça no colo de Anita que por sua vez encosta no ombro da Renata, tranqüilas tiramos uma sonequinha confiantes que papai e mamãe estão atentos e vigilantes. Papai é muito cuidadoso ao dirigir. Que sonequinha gostosa acordei com minha barriguinha roncando de fome. Mamãe trouxe muitas coisas gostosas para comermos durante a viagem, ela é muito cuidadosa com nossa alimentação assim nos mantém saudáveis. Seguimos viagem alegres e felizes cantarolando cantigas de roda. Mamãe esta feliz e recorda sua infância nos contando suas aventuras no sítio. Já saímos da cidade o sol brilha exuberante sobre os campos verdinhos e da para sentir o ar saudável entrando em nossos pulmões. Fico quietinha entretida olhando pela janela, tamanha formosura que a natureza reflete aquele céu azul bem clarinho as nuvens branquinhas parecem algodão doce. Estou em outro mundo devo estar chegando ao paraíso, os cavalos cavalgam pelos campos as vaquinhas pastam alegremente e as ovelhinhas que coisinhas fofas. Já avistamos ao longe chaminés de fogão a lenha onde o povo daqui se aconchega toma seu chimarrão e reúnem-se para conversar enquanto no fogo as panelas preparam quitutes deliciosos. Mais um pouco e estaremos chegando ao longe vejo a porteira e o letreiro “Paraíso da vovó Cotinha” e mais uma estrada de terra pela frente, estou inquieta louquinha para jogar-me no colinho da vovó, nos aproximamos e sinto o cheirinho delicioso de seus quitutes no ar minha boca fica aguada.
Finalmente chegamos como sempre sou a primeira a sair do carro. Corremos para os braços da vovó que nos enche de beijinhos e carinhos. Vovô me levanta pro alto e diz: ”Como cresceu nossa princesinha querida! Tia Maria aparece correndo pelo campo verdinho ela vinha da estufa onde colheu quatro lindas rosas uma para mamãe, outra para Renata, para Anita e outra para mim. Meus olhos se encheram de lágrimas diante de tamanha delicadeza e gesto de carinho. Adoro ouvir as poesias de tia Maria, sentamos embaixo de uma figueira e me delicio nesta sensibilidade do poeta viajando neste mundo de palavras que esqueço até da fome.
O sino toca é hora do almoço. Tia Maria me pega pela mão e saímos correndo para poder degustar as deliciosas surpresas da vovó Cotinha. A família esta toda reunida, tias primos, primas que surpresa gostosa. Maria Luiza correu para me abraçar que saudade já íamos saindo de mansinho louquinhas para botar o papo em dia e fazer nossas estripulias, mas vovó num tom firme, mas carinhoso disse: Meninas! Agora não
Já vamos almoçar tem bastante tempo para brincarem depois.
A comidinha da vovó é uma delicia e seus doces as ambrosias, as geléias de frutas e as tortas são de chorar e pedir por mais.
Brincamos corremos pelos campos,explorando cada centímetro do sitio, fomos até o lago alimentamos os patinhos, visitamos toda área do sitio para ver os bichinhos, dei mamadeira para o bezerrinho fiz carinho na ovelhinha,e a vaca mimosa até parece que me reconheceu,dando-me uma lambida quando estava distraída. K, k, k, Maria Luiza teve cólicas de risos. O dia foi curto logo, anoiteceu os bichinhos foram todos recolhidos.
A fogueira acesa papai e vovô tocavam violão enquanto todos acompanhavam a canção, na roda partilhavam a conversa e o chimarrão.
São dias impares vividos neste paraíso inesquecíveis como um sonho do qual não quero acordar e voltar à selva de pedra.
Marilda Corrêa.
TRAÇOS DA VIDA
Tenho cabelos , pintados, para esconder os fios brancos.Não lembro exatamente quando eles começaram a branquear...Em volta dos olhos,tenho algumas rugas também não me recordo em que ano começaram a surgir.Tento me alegrar com elas, pois agora fazem parte de mim ...Vou me adaptando...me aceitando...
Do corpo não cuido quase, estou com uns bons quilinhos a mais ,
Sei que na minha idade preciso de exercícios,mas não tenho encontrado ânimo para fazê-los.
Comprei uma esteira que esta là no quarto servindo só de decoração,
não adiantou... tentei enfim...Sou assim, só um pouquinho vaidosa ,
e um tanto descuidada de mim ,as vezez até penso que poderia cuidar-me mais.Mas são pensamentos relâmpagos ,que se dispersam rapidamente, evaporam...
Enfim os anos passam e as marcas que eles nos deixam , não temos como conter e muito menos esconder.Nem pretendo isso. Acho que cada marca que meu corpo carrega tem uma linda história.
Poderia enumerar também a história de cada fio de cabelo branco.
Atualmente a cabeça e o coração são partes de mim que tem merecido mais da minha atenção.
Minha cabeça tento todos os dias colocá-la no lugar,equilibrá-la, preenchê-la com pensamentos bons ,e me alegrar .Meu coração busco mantê-lo alimentado com o Amor de Deus,na fé que creio e que me sustenta...
Não escondo minha idade,nem nunca pretendi ,portanto confesso, tenho cinqüenta e e tantos anos.Metade deles, bem vividos, a outra metade muito sofridos,mas é exatamente aí que está o encanto da minha idade.
Conheci de tudo um pouco,das lágrimas aos sorrisos e ambos me fizeram ser essa pessoa que sou hoje.
Ficaram as rugas no rosto e na alma, mas também ficaram sorrisos em ambos.
Sorrisos que acalentaram minha alma...
Minhas rugas mais lindas são justamente aquelas :marcas de expressão que eu adquiri por tanto sorrir, muitas vezes, quando o coração chorava.
Mrilda Corrêa
Tecendopoesias
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